As últimas semanas têm sido de muita reflexão, por isso decidi compartilhar um pouco sobre a fase em que me encontro.
Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
(Eclesiastes 3.1)
De 2013 até o final de 2017 eu estive em missões, completamente envolvida, vivendo missões em tempo integral por quase todo esse período. Sim, foi o tempo determinado pelo Senhor para que eu vivesse tudo o que vivi, todas as viagens missionárias, todas as experiências, as promessas realizadas, minha ida aos não-alcançados da Ásia. Passei por momentos bem difíceis, momentos em que senti medo, solidão, desmotivação, mas também vi de perto a fidelidade de Deus de forma que nunca havia provado antes e então veio um novo tempo para mim...
Voltei ao Brasil no final de 2017, e ao que previamente planejado seria uma viagem de férias que duraria de dois a três meses, acabou se tornando minha estadia fixa novamente. Devido situações financeiras e também meu relacionamento com David (na época meu namorado), fiquei. Estava comprometida demais e precisei voltar a morar com minha mãe, arrumar um emprego até que minha vida se organizasse.
Foi frustrante a minha adaptação de volta à minha própria cultura juntamente com toda a nova rotina de trabalho, viagens diárias entre a cidade em que estava morando para a cidade onde trabalhava, novos planos, etc. Eu estava de volta e queria estar de volta principalmente por minha família e por David, mas parte do meu coração continuava lá, na Tailândia, e essa divisão dentro de mim não me deixava sossegar.
Depois de alguns meses de muita cobrança vinda de outros e de mim mesma, eu pude sentir paz com a minha nova realidade, onde o meu envolvimento em missões não era ir (como sempre fiz e amo fazer), mas em doar. De uma missionária ativa em campo me tornei missionária mantenedora, as mãos que ajudam, os que ofertam para que missões continue a acontecer. Nenhuma forma de fazer missões é desmerecedora, mas foi difícil pra mim entender e aceitar qual era o meu papel no momento.
Outro ponto crucial foi quando entendi que minha volta seria para parar um pouco e construir algo, uma família. Ter alguém, ter minha família era algo que eu pedia muito ao Senhor. Era um realização pessoal, era querer apoio no meu ministério, era poder ir sem me sentir tão sozinha ao deixar os que mais amo, porém ter alguém comigo, indo junto comigo... Eu estava nessa fase de querer construir uma família há algum tempo e ter voltado e reencontrado David, foi a concretização desse meu sonho. Nos casamos e fomos imensamente abençoados pelo Senhor com a nossa casa própria e um relacionamento super maduro e saudável.
Mas a pressão continua quando insistentemente perguntam se estamos "fazendo missões", quando vamos para o campo missionário, ou quando comentam que o casamento não pode ser um impecilho para a obra, etc etc etc...
Não há nada de errado com a fase em que me encontro hoje, nada de errado em dar um tempo, pausar, se reencontrar... Não significa que o chamado morreu! E confesso que precisei me esforçar muito para entender e poder descansar em relação a isso. Como falei anteriormente, há muitas formas de fazer missões, e eu e David no momento fazemos missões ofertando na vida de alguns missionários. É delicado, nem todos entendem, mas no momento essa é forma que fazemos missões, e continuamos crendo que no tempo certo, iremos a campo novamente. Casamento não tem sido impecilho para o ministério, jamais! Mas há situações, há adaptação como casal que é muito necessária, há um planejamento, um momento exato para as coisas acontecerem e o Senhor têm nos ajudado a descansar nisso. Como casal, o planejamento é mais minucioso e entendemos também que o primeiro ministério de um casal é a própria família.
Hoje, me sinto tão grata de poder provar coisas que antes orei e hoje Deus me concedeu. Me sinto grata por poder continuar nessa obra tão linda que é meu chamado, que amo e que se chama Missões. Me sinto grata de poder fazer missões acompanhada, de poder ter paz e entender o tempo do Senhor que sempre chega no momento certo fazendo tudo cooperar para o nosso bem.
Aos que lêem e passam por situações parecidas, tenham calma. Orem sempre e estejam abertos as coisas novas que Deus tem para fazer agora em sua vida, embora que você não entenda de imediato, embora que doa, que te machuque, você entenderá em breve. Permita-se ser levado por Ele aonde quer que Ele queira te levar.
E aos que lêem e muitas vezes julgam outros missionários que voltaram para casa, mudaram suas vidas, ou não exercem mais o ministério como exerceram um dia, não os julgue! Você não sabe os segredos que alguém pode ter com o Senhor. Tratamento é algo doloroso suficiente para que alguém sinta o direito também de julgar. Ore por eles apenas. Conforte-os com palavras e os encoraje, mas não os julgue. O Senhor não muda, mas Ele nos muda, nos molda. Coisas que você pode não entender a respeito de alguém, pode ser bem mais profundo do que você imagina. E não esqueça: existem muitas formas de servir, de cumprir o ministério, de fazer missões, então deixe que o próprio Espírito Santo ensine aos que Ele tem chamado.
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