por Gabriel Louback
No 1º semestre de 2016, tive a oportunidade de dar uma aula sobre conteúdo, texto e comunicação à 5ª turma do CTMAIS. Uma das perguntas que surgiram foi: “Por que eu preciso escrever um email para minha igreja, pastor ou mantenedores? Eu não gosto de falar de mim”. Me identifico muito com essa pergunta, pois, como jornalista, também tenho dificuldade sobre falar de mim. Assim, decidi falar um pouco mais sobre isso, sobre por que não só missionários precisam escrever, mas por que todos deveríamos.
Como jornalista, estou acostumado a dar voz às histórias que talvez não seriam contadas se eu não estivesse ali, ouvindo cada uma delas. Ao pensar nessa vocação aplicada ao Reino, isso faz ainda mais sentido quando pensamos na caminhada junto à igreja sofredora: somos chamados a chorar com os que choram, a abraçar os desamparados. Por termos sido nós mesmos abraçados em nossas dores e tido nossas lágrimas enxugadas, somos convidados a fazer o mesmo. Creio que escrever uma carta ou email contando sobre o que temos visto e vivido faz parte desse ministério. Por isso, listei 3 motivos que me levam a crer nisso.
1 – Dar voz às vozes que não são ouvidas
“Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados, (…) defenda os direitos dos pobres e dos necessitados“
– Provérbios 31:8-9
Quando me perguntam sobre chamado ou vocação, é esse texto de Provérbios que me vem à cabeça. Vem acompanhado de outros, entre eles “Moisés, o que é isso em sua mão?” (Ex 4:2), sobre usar o que já possuo; ou “Adão, onde está você?” (Gen 3:9), que me faz lembrar qual é meu primeiro chamado. Mesmo assim, o texto de Provérbios me dá uma direção, o que fazer com o que possuo nas mãos, para qual fim, além de ser o resultado do encontro com o Eterno à tardinha, o que acontece depois disso: erguer a voz em favor dos que não podem defender-se.
2 – Obra de Deus, ministério de todos
É importante escrever porque é importante que sua igreja e seus parceiros saibam sobre o que você tem feito, não como relatório, mas como participação conjunta. Como uma das alunas naquela aula respondeu sabiamente, “Não estamos sozinhos na obra. Ao escrevermos, trazermos para perto de nós, para aquela caminhada, as pessoas que não estão ali conosco fisicamente”. Nesse processo, conseguimos trazê-las para perto, para nosso dia a dia, fazendo com que a distância diminua. Esse ministério não é só nosso, mas também da comunidade que nos apoia. Quando escrevemos, a comunidade assume o lugar dela conosco.
3 – Testemunhar as maravilhas que Deus faz
É importante escrever pois, no campo, temos acesso a histórias e acontecimentos que a maioria das pessoas não saberão se não contarmos. As cartas de Paulo, por exemplo, narram o que ele vivia mas, acima de tudo, narram o que Deus estava fazendo. Da mesma maneira, os emails e cartas enviados por missionários distantes — mais do que suas conquistas e realizações –, devem refletir as façanhas e maravilhas realizadas por Deus.
As histórias que contamos têm um único personagem e narrador, o próprio Senhor da História. No fim, elas devem falar sobre Ele, não sobre nós. O Eterno tem contado uma história com a humanidade há milhares de anos. Ele estava lá quando procurou um Adão que se escondia. Ele estava lá quando a Tenda do Encontro foi armada, para conversar como um amigo com Moisés. Ele está aqui hoje, e convida-nos a fazer parte da história dEle.
Erga sua voz, exerça esse ministério comunitário e testemunhe sobre o que Deus tem feito.