3 de novembro de 2014

Em um simples porto...

( Postagem referente ao dia 19/04/2014)

Porto de São Francisco-PA

  Um porto fluvial simples e pequeno em um dos bairros de Barcarena.
  Deus nos direcionou para uma manifestação silenciosa contra o tráfico humano, pedofilia e exploração infantil nesse lugar. Nos caracterizamos, pegamos nossos cartazes e partimos! Ao chegarmos, as pessoas começaram a observar e ler as faixas... Sempre que chegava embarcação, nós apresentávamos em forma de esquetes a realidade que nossas crianças e adolescentes sofrem, muitas vezes dentro de casa. Toda a equipe se sentia pesada, porque mexer com algo do tipo é como tocar na ferida que mais afeta o mundo hoje. Alguns nos parabenizavam pelo trabalho e concordavam que era necessário uma ação para trazer conscientização às pessoas, outras porém, geralmente homens, viravam as costas para não ver ou resmungavam coisas e xingamentos.
  Ali pudemos ver muitas crianças. Algumas estão ali vendendo doces, outras estão brincando porque moram bem perto, outras estão trabalhando com os pais que tem algum bar ou lanchonete ali, mas sempre essas crianças estão vulneráveis a trabalho, bêbados, homens. Passam o dia na rua, aprendem de tudo, estão sujeitas a tudo e não há ninguém que as defenda. Por isso que nos levantamos como profetas de Deus para " livrar dos exploradores aqueles que estão sendo explorados" ( Jeremias 22.3)

.... Até a coca-cola chegou lá!

( Postagem referente ao dia 12/04/2014 )

Comunidade Tauerá-Açú / PA


  Foi a primeira vez que eu pisei em um lugar onde não tinha nenhuma igreja evangélica, nenhum pastor ou missionário...


  Levamos mais ou menos 1 hora para chegar até o porto e poder pegar o barco para chegar nessa comunidade. De barco, foi em torno de 2 horas navegando no rio aberto até chegar nos igarapés que nos levaria para essa comunidade, que não foi de fácil acesso. 
  Povo muito hospitaleiro, em cada casa que passávamos eles acenavam e sorriam, e eu particularmente amo isso! Fomos recebidos de braços abertos por todos eles e quem nos acolheu foi a igreja católica, a única naquele lugar. Ficamos hospedados no barracão ao lado da igreja, e como é costume no norte do país, dormimos em redes durante o final de semana. Calor intenso, mosquitos por toda parte, comunidade não apenas ribeirinha, mas quilombola também. Uma parte das casas ficam situadas em terra firme beirando o rio, outras, são casas de palafitas e flutuantes, então para ir na casa ao lado era necessário usar as rabetas, pois apenas em algumas casas tem pontes.
Existe uma pequena escola na comunidade, mas mesmo assim as crianças que moram mais longe acordam 4:30 da madrugada para pegar a rabeta e chegar a tempo na aula. Em relação a saúde, também é muito precária: eles não possuem sistemas de saneamento básico, a água que eles ingerem e utilizam não é tratada, muitas doenças de pele, eles não têm posto de saúde próximo... Nesse lugar eu vi coisas que antes eram tão distantes, apenas na televisão, e agora eu estava ali, no meio deles vivenciando tudo! Outro ponto forte que percebemos ali como algo "comum", foram alguns casos de incesto; os homens também não respeitam muito as mulheres, pois até nós, mulheres da equipe, não podíamos ficar ou andar sozinhas, porque não havia muito respeito da parte deles. Falta de cuidado nas crianças também foi visto ali, pois enquanto as crianças estavam sozinhas na comunidade até tarde sem comer, os pais estavam em um bar ali perto.


  Assim que chegamos fomos montar nosso consultório odontológico móvel e farmácia. Atendemos durante o final de semana, distribuímos medicações, fizemos evangelismo com as crianças e aplicação de flúor, visitas nas casas, oramos por pessoas enfermas, palestras com adolescentes e jovens sobre identidade, pureza e sexualidade  e ainda tivemos a oportunidade de uma pregação durante a missa de Domingo de Ramos, onde quando foi feito o apelo TODA a igreja confessou Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas! Deus é bom! Ficávamos nos perguntando todo o tempo como é que no solo brasileiro existia um lugar como aquele, onde tomávamos coca-cola e todo tipo de refrigerante, pois eles tinham acesso fácil, e o evangelho não havia chegado ali de forma pura?! Até na igreja católica que existia ali, o padre não era bem presente, então percebi que eles tentavam viver de acordo com o pouco que sabem sobre Deus, mas falta o discipulado, falta alguém para ensinar as verdades sobre Deus e Sua Palavra...
  *Fiquei intrigada quando uma adolescente que estava presente na palestra me falou que não gostava quando missionários iam lá. Aquilo me chocou! Por que? Qual o problema? E ela me falou que era porque nós logo íamos embora, então não valia a pena se apegar nem conhecer. Fiquei pensando naquilo e orei sobre isso, e Deus ministrou algo ao meu coração que quando falei no outro dia pra ela, vi lágrimas caindo : "- EU sempre vou trazer pessoas aqui para que vocês possam ver o quanto são amados e lembrados por Mim! "


  *Me partiu o coração quando na hora de irmos embora, uma garotinha me abraçou chorando e não queria me soltar mais. Se eu pudesse levá-la comigo... Horas antes, ela e seu irmão menor tinham almoçado conosco, pois estavam com fome e sua mãe estava em um bar e havia esquecido deles.


 *Recebi alguns presentinhos das adolescentes antes de ir embora e uma carta, a carta mais linda que já recebi!




 Essa comunidade marcou minha vida!

Levando vida!

( Postagem referente ao dia 22/03/2014)

Comunidade Vila do Beja-PA


  Vila do Beja é um distrito de uma cidade no interior do Pará chamada Abaetetuba e fica localizada em uma pequena ilha fluvial. 
Viajamos em um micro ônibus para passar o final de semana servindo naquele lugar. Ficamos alojados em uma unidade municipal, e foi a minha primeira vez dormindo em rede... A comunidade é muito pacata e silenciosa. Fizemos atendimento odontológico, e realmente ali havia muitas necessidades, pois as pessoas são muito leigas, a saúde é bem precária! As pessoas vinham, e independente da idade, todas precisavam muito de cuidados odontológicos. Chegamos a ouvir uma adolescente se referir a uma cárie dentária como um sinal de nascença, que herdou da família. Um absurdo pra gente ouvir isso não é? Mas, a falta de informação leva à isso mesmo... Algumas pessoas também nos procuravam para leitura de exames ou pegar medicações.
  Com as crianças foi feito evangelismo e ensinamos como é a escovação e distribuímos kits com escovas e creme dental, também aplicamos flúor nelas.

  Encontramos outros problemas nessa comunidade, como sensualidade demasiada nas mulheres e adolescentes, drogas e furtos, mas durante os dois dias que passamos lá, Deus cuidou de nós nos mínimos detalhes! Na nossa primeira noite, enquanto todos dormíamos, um rapaz da equipe teve insônia e quando se levantou, encontrou o vigia daquela unidade e começaram a conversar. Resultado, às 4:00 da madrugada o vigia estava se entregando pra Cristo! Acontece cada coisa inusitada nessas viagens, e nós ficamos apenas extasiados com a colheita!




"Assim também é a minha palavra: ela não volta para mim vazia, mas faz o que me agrada fazer e realiza tudo o que eu prometo."
( Isaías 55.11)