25 de abril de 2011

Jejum-II

ESTUDO SOBRE JEJUM
Texto Base: Isaías 58.


"Será esse o jejum que escolhi,que apenas um dia o homem se humilhe,
incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas?
É isso que vocês chamam jejum,um dia aceitável ao SENHOR?
'O Jejum que desejo não é este:soltar as correntes da injustiça,
desatar as cordas do jugo,pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?'" 
- Nova Versão Internacional.

   Finalmente nosso texto nos trouxe ao ponto em questão: Qual o jejum que o SENHOR deseja. Mas, antes disso, a leitura de hoje nos divide em dois extremos. O versículo cinco prossegue a linha de raciocínio estudada ontem e nos fala um pouco mais sobre o que não é jejum, o sexto inicia uma série de observações sobre qual é a real vontade do nosso Deus em relação a esse tema.
  Sendo assim vamos dividir os estudos de hoje em duas partes, na primeira concluiremos a leitura do Velho Testamento sobre jejum, e a segunda introduzirá o pensamento de Jesus, dos Apóstolos e da Igreja Primitiva. O versículo cinco dá a entender alguns aspectos rituais do jejum para os judeus. São eles:  
Humilhar-se por um dia;
Andar de cabeça inclinada;
Deitar-se (ou vestir-se com) pano de saco e cinzas.

  Ao que tudo indica, o humilhar-se faz parte do padrão do Antigo Testamento para o Jejum. Em todas as passagens estudadas havia um forte sentimento de sujeição a Deus, dependência da parte dele. A raiz etimológica por trás dessa palavra é a mesma de inah, do estudo anterior. A tradução literal para "incline a cabeça como o junco" seria algo como "dobrar aquilo que lhe é mais valoroso (elevado) ao nível mais humilde". Assim, o Jejum no antigo Testamento fala de uma inversão de valores. Espiritualmente, aquele que se prestava a jejuar lembrava-se continuamente que seu relacionamento com Deus era mais importante do que aquilo que ele considerava importante. Isso é inclinar a cabeça como o junco.
  O humilhar-se era demonstrado com o vestir-se de panos de saco e lançando-se cinzas sobre si. Era uma demonstração do despojar das coisas desse mundo, como dito acima, onde só Deus importava. As cinzas representavam a queima da carne (essas cinzas eram retiradas dos sacrifícios, após terem sido totalmente queimados), ou seja, a morte das nossas vontades e desejos, do nosso eu.
  Podemos perceber que todas essas eram atitudes que qualquer um poderia ver, não é mesmo? Todos veriam sua pobre vestimenta, sua cabeça coberta de cinzas, seu rosto triste, sua postura reclinada, tudo isso em sinal de auto-humilhação perante os demais. Mas, de que adianta ter atitudes exteriores como essas se no nosso íntimo estamos cheios de orgulho e arrogância, pensando apenas em nós mesmos, em como somos mais santos por praticarmos esses atos? Isso tudo no remete ao texto que estudamos ontem sobre o fariseu e o publicano. O fariseu, no seu íntimo, se achava
melhor que os demais por jejuar duas vezes na semana (e esse jejum deveria ser praticado como o descrito no versículo 5 de Isaías 58, que estamos estudando). Tinha uma aparência de humildade, mas era um jejum para ele mesmo, ou até pior, um jejum para mostrar para os outros!
  Um texto um tanto quanto auto-explicativo para o tema que estamos tratando está em Mateus 6.16-18, palavras de Jesus sobre como devemos agir quando jejuamos:
  "Quando jejuarem, não mostrem uma aparência de triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu pai que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará."
  Quanto à maneira que o jejum deveria ser feito e sobre qual motivação, como temos aprendido, não havia prescrição dentro da Lei de Moisés (a Torah), e a palavra hebraica por trás de nossas traduções não quer dizer nada além de abster-se de bebidas ou alimentos. Sendo assim, ao ler o texto de Isaías não há como deixar de pensar que a maneira que os judeus escolheram para jejuar não seja um costume, recebido por tradição. O "Novo Dicionário da Bíblia" têm algumas informações a acrescentar sobre essa tradição:
Esses jejuns eram algumas vezes individuais (por exemplo, 2º Samuel 12.22). A algumas vezes em grupo (por exemplo, Juízes 20.26; Joel 1.14).
  O jejum expressava tristeza (1° Samuel 31.13; 2º Samuel 1.12; 3.35; Neemias 1.4; Ester 4.3; Salmo 35.13,14).
Penitência (1o Samuel 7.6; 1o Reis 21.27; Neemias 9.1,2; Daniel 9.3,4; Jonas 3.5-8).
Essa era uma das maneiras pela qual os homens podiam humilhar-se na presença de Deus (Esdras 8.21; Salmo 69.10). [...]
O Jejum freqüentemente tinha por propósito obter a orientação e a ajuda de Deus (Êxodo 34.28; Deuteronômio 9.9; ), 2º Samuel 12.16-23; 2o Crônicas 20.3,4; Esdras 8.21-23).
  Podemos ver o quanto a prática do jejum é importante para nossa vida, devemos buscar do Espírito Santo a real revelação do jejum que agrada a Deus. Que o nosso jejum seja como aroma suave ao Senhor, e que não seja apenas uma simples prática de abstinência, mas a prática da fé, pois tudo é possível ao que crer.