"Amados
pastores e irmãos,
Cheguei ontem da Somália, onde estive por nove dias, pisando e percorrendo
aquela terra, profetizando sobre ela, derramando ali muitas lágrimas por uma
terra contaminada pelo sangue que tem sido ali derramado. Números
35:33-34.
Fiz esta viagem por causa da mesma palavra de Deus a Abraão, onde o Senhor
ordena que Abraão percorra a terra, afirmando que o lugar onde ele pissasse,
Ele, o Senhor, o daria."Levanta-te,
percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque eu ta
darei."Gn.13:17.
Pisamos na Somália pela primeira vez em outubro de 2011, voltamos lá em outubro
de 2012, e agora estive lá por nove dias percorrendo a terra.
Fiquei alguns dias na capital, Mogadishu, e depois fomos para o interior, numa
região chamada Galgaduud, e permaneci por cinco dias na cidade de Guriel.
Pequena cidade, com cerca de quarenta mil habitantes, recentemente tomada das
mãos da Al Shabaab pelo governo da Somália e o Exército aliado da União
Africana. Viajei tambem cerca de trinta quilometros para dentro da província,
onde a Al Shabaab ainda tem bastante força.
Vi uma terra árida, vi um céu sem nuvens, vi uma terra onde muito raramente
chove, árvores secas, paisagem desolada e estéril. Vi uma terra contaminada
pelos derramamentos de sangue que tem acontecido ali nas últimas décadas.
Não há nenhuma igreja na
Somália,
e provavelmente um missionário jamais havia pisado naquela
região.
Vi um povo extremamente
pobre, mas lutador, vi um povo simples e aberto para a verdade, vi um povo com esperanças,
mas um povo que segue o islamismo, porque nunca tiveram outra opção. Na verdade
são pouquíssimos os somalis que praticam o islamismo, porém, esta é a religião
oficial do Estado.
Diz-se que na capital existem hoje aproximadamente oitenta cristãos, tive um
encontro com quatro deles em Mogadishu. Se
esses irmãos confessarem a sua fé, e principalmente se eles tentarem dissuadir
um muçulmano a se tornar cristão, serão condenados à morte.
Em Guriel, atendi como médico duas manhãs no Hospital, e várias vezes no Hotel.
Foram aproximadamente cem pessoas nestes cinco dias, pois quando ficaram
sabendo que eu era médico veio gente de cerca de cento e cinquenta quilômetros
para fazer uma consulta.
O Hospital é muito rudimentar e não tem os mínimos recursos diagnósticos para
que uma razoável medicina pudesse ser exercida ali. Uma das coisas que mais me
impressionou foi o fato de que 90% das pessoas consultadas se queixaram de dor
precordial (dor dos dois lados do peito). Porque? Já que a maioria das pessoas
consultadas não tinha nenhum problema no coração? Outra coisa que me
impressionou muito, visitando a enfermaria de crianças, vi que a maioria delas
foram internadas por desnutrição crônica ou aguda.
Claro que, contemplando uma situação como esta o meu próprio coração também
estava doendo, e chorei muito por aquele povo em Guriel.
Um dos maiores problemas da região é água, pois não há rios ou córregos
menores, e só alguns poucos poços artesianos são perfurados pelos criadores de
camelos. A Somália tem hoje, provavelmente, o maior rebanho de camelos do
mundo. Os poços perfurados por estes criadores de camelos fornecem também água
para a população do campo. Só que muitas vezes, essa água é tão limitada que é
disputada a bala, no ano passado, segundo números do governo cerca de cem
pessoas na região morreram por causa de disputas por água.
Portanto o problema maior do povo de Guriel é a violência. Os chefes tribais na
região pensam que a solução dos seus problemas está na bala, no derramamento de
sangue. Muito sangue tem sido derramado ali desde então; e é esse derramamento
de sangue que tem trazido as maldições, a falta de chuvas, e a miséria para
esta terra.
A região de Galgaduud fica bem no centro do país e tem cerca de um milhão de
habitantes, e é uma região desprovida da ajuda do governo da Somália e da ajuda
de organizações internacionais, especialmente por ser, talvez, a região mais
violenta da Somália.
Estamos pensando em comprar
um equipamento para perfuração de poços artesianos e começarmos a perfuração de
poços na região de Galgaduud, e especialmente no município de Guriel.
Quando o Senhor nos mandou ir a todas as nações da terra, com certeza Ele
estava pensando na região de Galgaduud. Comecei a falar de Jesus para o dono do
Hotel, que é um dos principais líderes da cidade, e ele se mostrou aberto para
me ouvir, em nenhum momento ele contestou o fato de que eu, sendo cristão,
estava ali para testemunhar para eles. Esse fato é um testemunho extremamente
importante como resultado de nossas orações pela Somália.
Na capital, Mogadishu, atendi também por duas manhãs no Hospital Madina, onde
fiz a entrega oficial de quarenta e seis camas, roupas de cama e mais alguns
objetos hospitalares do primeiro contêiner vindo da Alemanha para a Somália
através da Mobilização Mundial.
Quando o Ministro do Interior e da Defesa, a maior autoridade do país, depois
do Presidente, soube que eu era cardiologista, ele mandou me levar à sua casa
para que eu fizesse um check-up do seu coração. São caminhos de Deus e portas
que estão se abrindo na Somália, vamos entrar por elas.É necessário ir lá e percorrer a terra, mas
aquele povo precisa imensamente, e o Senhor precisa ainda mais de nossas
orações e do nosso clamor para que a história da Somália seja transformada.
Contamos com sua intercessão e de sua Igreja.
Seu servo,
José Rodrigues."