Perto dos 40 anos de idade, a paquistanesa Asia Bibi se tornou conhecida no mundo inteiro. Casada com Ashiq Masih, mãe de cinco filhos e empregada na fazenda de um latifundiário muçulmano, sua vida não parecia muito divergente das demais mulheres de sua região; até que a data de 19 de junho de 2009 marcou sua história para sempre
Apesar de sua rotina exaustiva, comum às mulheres de uma geração que trabalha fora para ajudar no sustento da casa, todos os dias e para onde quer que fosse, Asia carregava consigo algo de muito de valor; algo que, para as autoridades do Paquistão, foi considerado um crime gravíssimo.
Certo dia, enquanto cumpriam suas funções durante o expediente da sexta-feira, 19 de junho, Asia e suas colegas de trabalho conversavam. Convertida ao cristianismo em um país de maioria muçulmana, Asia não partilhava da mesma fé que as outras mulheres e o diálogo, polêmico por natureza sempre que envolve religião e crença, evoluiu para uma discussão.
A intolerância religiosa e o extremismo que reina entre a maior parte dos devotos fanáticos falou mais alto naquela tarde também. Asia foi intimada a abandonar sua fé e o Deus em quem cria e voltar a servir Alá no islamismo. Certa da escolha que havia feito, Asia rebateu as muçulmanas com frases como: “Jesus está vivo, mas Maomé morto. O nosso Cristo é o verdadeiro profeta de Deus. Maomé não é real. Jesus morreu na cruz pelos pecados da humanidade, e Maomé, o que fez por vocês?”
Tais declarações bastaram para provocar a ira e o descontrole daquelas que ali estavam; Asia foi brutalmente agredida pelas mulheres que, diariamente, conviveram com ela por anos. A polícia foi chamada ao local e, mais uma vez, a lei da justiça parcial prevaleceu: em 8 de novembro de 2010, Asia Bibi se tornou a primeira mulher condenada à pena de morte por enforcamento pelo crime de blasfêmia.
A partir daí, protestos e movimentos diversos se seguiram por todo o mundo. Organizações de direitos humanos, jornalistas e autoridades do governo falaram publicamente em favor de Asia. No entanto, mesmo com toda a mobilização que se formou em torno do caso, no próximo mês completará dois anos que ela aguarda, na prisão, por um julgamento que considere ambos os lados antes de deferir a sentença.
Se durante o período em que estava livre, Asia já sofria perseguição por ser cristã; agora, encarcerada e proibida de conviver com sua família, a situação é bem pior. Fontes afirmaram que ela foi torturada e maltratada; impedida de beber água ou comer, por dias.
O caso de Asia permanece sem atualizações, porém, ela não foi a única a sofrer por causa de sua fé. Salman Taseer, muçulmano liberal, ex-governador da província de Punjab, foi assassinado por seu guarda pessoal, porque agiu em defesa da causa de Asia Bibi. Shahbaz Bhatti, ministro federal e único cristão no gabinete paquistanês, foi morto por se opor à lei da blasfêmia que condenou Asia. Nos últimos anos, foram registradas 45 acusações por blasfêmia; dessas, 43 pessoas foram mortas em execuções extrajudiciais.
Como já falado em notícia publicada no site da Portas Abertas Brasil, “Asia não é apenas uma pobre figura atrás das grades. Ela é uma mulher, uma esposa, uma mãe, uma irmã, e uma filha. A Igreja que ora por ela precisa se lembrar que ela é uma mulher real, e que tudo o que enfrenta no seu cotidiano é real”.
Por sua fé, Aasiya Noreen (como também é conhecida) sente na pele a Palavra de Deus escrita em Mateus 5.10, que diz: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Asia Bibi ainda está viva por causa das orações da Igreja; como o mar, que permanece cheio d’água porque as águas dos rios não cessam de correr até ele. Por quanto tempo mais você irá orar por essa cristã? A responsabilidade de pregar o evangelho e clamar pela Igreja Perseguida é nossa também.
Redação: Ana Luíza Vastag
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