23 de novembro de 2015

Querido Missionário

Espero que você esteja bem. Acredito que o conteúdo desta carta seja algo que você precisa ler. Para ser honesto, estou escrevendo para mim mesmo também. Sendo bem honesto, pode ser que isso seja um truque para ganhar alguma coisa que não tenho, ou talvez eu só estivesse precisando ouvir estas palavras… Não tenho certeza. De qualquer forma, estou saindo do assunto, que é você. Você, que tem lutado por algo maior do que você mesmo. Você, que é novo no campo de missões, ou você, que nos inspira há algum tempo, escrevo para você. Por causa daqueles que ainda não perceberam que a vida não é só o que aparece nas suas fotos postadas, mas que também tem um custo alto, isto é para você. Você, que já vive assim há alguns anos e ainda não ouviu o que você precisava ter ouvido, isto é para você.
Em primeiro lugar, obrigado. Obrigado por dizer sim. Obrigado por ir a lugares assustadores. Obrigado por ir aonde sua mãe e seu pai disseram para nunca ir. Obrigado por chegar lá trazendo luz. Obrigado por cuidar daqueles de quem ninguém cuidava, e por amar aqueles a quem ninguém amava. Obrigado. Obrigado por fazer aquilo que alguns minimizam, e que outros idolatram. Obrigado por entregar seus direitos a Deus e àqueles que não tem o que comer. Obrigado.
A outra coisa que quero dizer é que eu lamento. Lamento que, para fazer o que faz, você tenha tido que deixar seus entes queridos. Lamento que você tenha que dizer adeus a praticamente todo mundo que já conheceu e com quem se importou. Lamento que você tenha que olhar nos olhos cheios de lágrimas daqueles que, certamente, o amam tanto quanto você os ama… Lamento que, quando eles perguntam “quando você volta para casa”, você nem tenha mais certeza de onde seja a “casa”. Lamento que a coisa mais parecida com um relacionamento real seja uma caixa de metal com uma tela, e que você tenha que usar fones de ouvido para escutar quem está do outro lado, porque você não quer acordar em horas ingratas aqueles que estão por perto. Lamento que você se sinta esquecido, e que por vezes, seja mesmo. Lamento que toda foto no seu feed do Instagram, todo post no Facebook sobre o lugar de onde veio, toda memória compartilhada por seus amigos o lembre que você está aqui e eles lá. Lamento que seja difícil se relacionar com alguns de seus amigos mais antigos porque vocês vivem vidas muito diferentes há algum tempo. Sinto muito que os outros não vejam o sacrifício e pensem que você é uma pessoa que está fugindo de alguma coisa ou alguém que gosta de viajar o mundo. Lamento que nem todos apreciem este sacrifício pelo que de fato é. Lamento que sua vida seja mais cheia de “olás”, de “eu te amos” e de “tchaus” do que qualquer um que eu possa pensar agora. E que o último “eu te amo” corte como uma adaga, todas as vezes. Lamento que o seu coração sempre se sinta como se estivesse em recuperação… Que alguns dias pense que é você quem precisa de um missionário… Que às vezes, se sinta tão frágil por causa da dor que já suportou, que se estiver assistindo a qualquer filme com a mais remota emoção, esteja a ponto de por tudo a perder, assim como eu. Fique longe, Disney.
Dito isto, tenho mais algumas palavras. Se você é como eu, você não escolheu esta vida sozinho. Você não acordou um dia dizendo “Ei, eu quero deixar de ter um relacionamento com as pessoas de quem sou mais próximo, prefiro dormir no chão frio, comer alimentos estranhos e passar perigo constante, só por diversão.” Não. Se você é um pouquinho parecido comigo, você foi chamado. O Deus de Amor chamou você. Ele o encarregou de um propósito diferente. Ele confiou a você dias de tristeza e saudade. Ele incumbiu você de sonhar acordado com dias de praia, churrasco, sombra e água de côco. Ele concedeu lágrimas de solidão a você. Ele permitiu que você fosse um desconhecido de novo, e de novo e de novo. Ele confia em você para viver esta vida. Ele lhe deu uma paixão que permite que você olhe para essa bagunça que chama de coração e, mesmo assim, avance em alegria. Uma paixão, que paixão!, que queima em você como chama em boa madeira. Queima mais do que o próprio inferno e nunca deve ser domesticada ou apaziguada. A paixão é atrapalhada, indomada, selvagem, forte, verdadeira, autêntica e sempre presente. Ela garante que o sofrimento vai valer a pena… Que você escolheu isso porque Deus lhe pediu, e então, sabe que há uma razão para tal. Você tem a força para alterar a cultura, mudar as pessoas, fazer algo que valha alguma coisa. Sua paixão é sua âncora e seu lembrete.
Alejandro Rodriguez disse assim: A paixão transforma sofrimento em privilégio.” Ele usa Jesus como nosso melhor exemplo. Jesus passou pelo sofrimento que O causamos por causa de Sua paixão por nós. Sua paixão era ver restaurada a relação do homem com o Pai, Sua paixão era a reconciliação. Jesus viu Seu sofrimento posto diante dEle como um privilégio a suportar, e Ele salvou o mundo. De forma semelhante, a sua paixão pelas pessoas transforma toda ingratidão, dor, tensão relacional, solidão e falta de conforto em privilégio. Considere-os assim, eu imploro a você, pois se não fizer isso, não vai resistir. Você vai fracassar como tantos. Mas não vai! Isso não é por você. Você foi chamado, foi nomeado, é querido, e Deus confia em você. Ele acredita que você irá manter sua paixão e suas convicções. Que irá lutar muito aqui, até que Ele mande lutar muito em outro lugar. Você é forte, é importante, está transformando o mundo. Você é um cabra macho da moléstia que abre mão de seus direitos todos os dias, só para ver a mudança neste mundo. Você é um missionário — não é melhor do que qualquer outro ser humano — mas um missionário, apesar de tudo.
Com os melhores cumprimentos e com adoração,
– Scott Sotomayor
PS: Mime-se com coisas que você ama. Viver sustentado não significa viver em cativeiro. Jesus ama você e deseja presenteá-lo. Espalhe o amor!

4 de novembro de 2015

Chorando com os que choram



Mais uma vez usamos a estratégia de abraços para o evangelismo no cemitério...


 Éramos uma equipe com treze jovens, alguns que nunca evangelizaram antes, porém cheios de ousadia. Nos colocamos a disposição do Senhor para demonstrar amor através de abraços, orações e emprestando nosso ombro para aqueles que estavam chorando. 


Em cada abraço aproveitávamos a oportunidade para falar do Deus que conhecemos e da nossa esperança em passar a eternidade com Ele, e foi assim que duas pessoas tomaram a decisão de seguir a Cristo.